Hoje vamos falar sobre um assunto muito importante: a participação de crianças e adolescentes no mundo dos esportes. Mais do que competições e medalhas, o esporte é uma poderosa ferramenta de transformação social, que contribui para a saúde física e mental, o desenvolvimento emocional e social, além de promover valores fundamentais como respeito, disciplina, cooperação e superação.

É importante lembrarmos que no dia 25 de maio comemoramos o Dia Nacional do Esporte Escolar, data que valoriza a prática esportiva dentro das escolas e reconhece o papel fundamental da educação física na formação integral de nossas crianças e jovens. E no dia 23 de junho celebramos o Dia Nacional do Esporte, momento ideal para refletirmos sobre o direito de todos ao acesso ao esporte  independentemente de suas condições físicas, sensoriais, cognitivas ou comportamentais.

Nesse contexto, precisamos destacar e valorizar cada vez mais a presença de crianças atípicas e paratletas nas práticas esportivas. Isso inclui crianças com Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA), Trissomia do 21 (T21 – Síndrome de Down), paralisia cerebral, deficiências físicas (como cadeirantes), crianças surdas, cegas ou com outras condições sensoriais e neurológicas. Todas elas têm o direito de ocupar os espaços esportivos com dignidade e protagonismo.

Muitas dessas crianças são chamadas de paratletas, termo utilizado para designar atletas com deficiência que participam de modalidades esportivas adaptadas ou inclusivas. O esporte para elas é mais do que lazer ou competição  é uma fonte de autoestima, autonomia, inclusão social e desenvolvimento global.

E aqui vale compartilhar uma experiência real: meu filho, Levi Neves é uma criança com TDA e encontrou no esporte uma ferramenta essencial para seu crescimento e equilíbrio. A prática do judô na Usipa como atleta competidor e do jiu-jitsu no Dojo Leonardo de Souza trouxe para ele benefícios concretos, como o desenvolvimento de rotina, foco, organização, disciplina e uma alimentação mais saudável. Através dessas atividades, ele passou a compreender melhor os próprios limites, respeitar regras, conviver em grupo e fortalecer sua autoestima. O esporte se tornou para ele, um pilar importante na vida diária e escolar. E só tenho a agradecer de coração, aos seus senseis Hevilmar Rocha, Ramoni Toledo, Leonardo de Souza e Natanael Mariano, que com paciência, respeito e dedicação, ajudaram meu filho a evoluir dentro e fora do tatame.

Felizmente, os campeonatos e eventos esportivos vêm se adaptando e evoluindo para acolher esses atletas com mais estrutura e respeito. As mudanças incluem:

•       Regras mais flexíveis e tempo estendido nas provas;
•       Criação de categorias específicas ou provas mistas e integradas;
•       Estrutura física acessível (rampas, banheiros adaptados, espaços com estímulos controlados);
•       Comunicação acessível (uso de Libras, sinalizações visuais e materiais adaptados);
•       Acompanhamento de profissionais especializados (terapeutas, intérpretes, educadores físicos com formação em inclusão, psicopedagogos, etc.);
•       Presença autorizada de acompanhantes, guias ou mediadores durante a competição.

Além das estruturas físicas e das adaptações técnicas, outro ponto essencial é a formação humana dos treinadores, árbitros, voluntários e de toda a equipe envolvida. A empatia, o respeito e o conhecimento sobre as especificidades de cada condição são fundamentais para que o ambiente esportivo se torne verdadeiramente acolhedor.

Esses avanços mostram que quando a inclusão é levada a sério, o resultado é um esporte mais humano, justo, representativo e inspirador. As crianças atípicas e os paratletas nos ensinam todos os dias, lições de coragem, perseverança, alegria e empatia.

Preparar os campeonatos para recebê-los não é um favor, é um direito garantido, uma responsabilidade de todos e uma chance de transformar o esporte em um verdadeiro espaço para todos.