Pediatra da Unimed Vale do Aço fala sobre doenças respiratórias no inverno
e os cuidados com as crianças
No inverno, as doenças respiratórias em crianças se tornam mais comuns e preocupantes. A gripe, o resfriado comum, a bronquiolite e a pneumonia são as que apresentam maior incidência durante esta estação no Brasil, impactando o número de atendimentos no pronto-socorro e nos consultórios pediátricos. A variação de temperatura e o ar seco são fatores que contribuem para o aumento desses casos, como explicou a médica pediatra e cooperada da Unimed Vale do Aço, Dra. Naiara Ferreira.
“São vários os motivos que justificam o aumento das doenças respiratórias no período de outono/inverno em crianças. Entre eles, temos que citar a aglomeração: quanto maior o número de pessoas em um mesmo ambiente, maior a disseminação das patologias respiratórias, que são predominantemente transmitidas por gotículas, partículas de saliva e contato com mãos contaminadas com as secreções das vias aéreas superiores. Crianças menores, em especial, ainda não possuem um sistema imunológico desenvolvido para combater a maioria dos vírus circulantes naquela sazonalidade. A partir do momento em que elas adquirem aquela doença, aquele vírus respiratório, elas não adoecem mais por ele, mas ainda podem entrar em contato com vários outros vírus que causam novos adoecimentos. Em alguns casos, esses adoecimentos são muito parecidos, o que faz com que as famílias acreditem ser a mesma doença”, informou.
A especialista ainda destacou o aumento dos atendimentos de crianças nessa época do ano. “No período da sazonalidade outono-inverno, os atendimentos aumentam na faixa etária pediátrica de 30% a 50%, dependendo da semana epidemiológica. A maioria das doenças são de origem nas vias aéreas superiores, ou seja, nariz, garganta, ouvido, e têm como sintomas tosse, secreção nasal, nariz entupido, espirros, dor de cabeça, dor de garganta e febre. Algumas dessas doenças das vias aéreas superiores podem complicar com infecções bacterianas secundárias, podendo causar otites bacterianas, amigdalites bacterianas, sinusites bacterianas e pneumonias”, acrescentou.
Para a médica, algumas ações contribuem para a redução dos casos de doenças respiratórias nesta época do ano. “Se seu filho, sua filha ou você próprio está com algum sintoma respiratório, o ideal é se afastar das outras pessoas. Em situações em que não é possível se ausentar dos compromissos, é importante priorizar o uso da máscara durante o período de vigência da doença. Outra forma importante de evitar a transmissão é a lavagem efetiva das mãos, o que evita deixarmos partículas dos germes causadores das patologias respiratórias, em especial vírus, nas superfícies das mãos”, explicou a Dra. Naiara Ferreira.
Outro ponto de alerta neste período mais frio são as crises de asma em crianças, que tendem a ser mais frequentes. Isso ocorre devido a uma combinação de fatores climáticos e ambientais que impactam negativamente as vias respiratórias.
“Não podemos deixar de falar dos pacientes que são asmáticos ou possuem sibilância, que é uma denominação da ‘chieira’, em menores de quatro anos de idade, que também exacerbam seus quadros de base nesse período de outono-inverno, seja pela indução de uma infecção viral respiratória ou pela questão da temperatura, que são fatores principais na agudização dos quadros de ‘chieira’. E é importante também lembrarmos que as crianças estão deixando de ser acompanhadas pelos seus pediatras, elas não têm acompanhamento regular e os pais procuram muito o serviço de urgência. Isso também é um fator de adoecimento, uma vez que não há um controle adequado das doenças de base”, pontuou.
Imunização em dia
As vacinas desempenham um papel crucial na prevenção de doenças respiratórias, preparando o sistema imunológico das crianças para combater os vírus e bactérias responsáveis por essas enfermidades. O Brasil já foi um exemplo mundial em campanhas de vacinação. Desde a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 1973, o país alcançou marcos notáveis, como a erradicação da poliomielite, do sarampo, da rubéola, da síndrome da rubéola congênita e do tétano neonatal.
No entanto, desde 2015-2016, a taxa de cobertura vacinal tem caído. Embora haja sinais de recuperação desde 2022, ainda não conseguimos atingir a meta desejada de 95%.
“Uma outra forma importantíssima e que, nesta temporada, tem sido muito esquecida são as vacinas. Nós ainda estamos com uma cobertura vacinal muito baixa e existem vacinas que protegem contra algumas doenças respiratórias, entre elas a vacina da COVID-19, a vacina da gripe, as vacinas pneumocócicas, as vacinas contra Haemophilus, influenza e as vacinas de meningite, que também são agentes causadores de doenças respiratórias. Outra forma de evitar a transmissão é reduzir a aglomeração. Quanto menor a exposição a ambientes fechados e com grande número de pessoas, menor a chance de adquirirmos as doenças respiratórias”, concluiu.