Skip to main content

FILMES INDICADOS AO OSCAR 2025

Por 28/02/2025março 6th, 2025No Comments17 min de leitura

Uma breve análise de mais 5 filmes indicados à categoria principal e minhas apostas para este ano

Imagem: Divulgação

Com a cerimônia da 97ª edição do Oscar 2025 marcada para este domingo, dia 2 de março, em Los Angeles, nos Estados Unidos, nesta Parte 2 de minha análise dos filmes indicados à categoria principal da cerimônia, trago informações pertinentes e minhas percepções para termos uma ideia do que esperar.

Para quem deseja assistir, o Oscar 2025 será transmitido ao vivo pela TNT e pela Max, a partir das 16h. A TV Globo também transmitirá ao vivo, mas dividirá a transmissão com os desfiles de carnaval nos canais g1 e Gshow.

EMILIA PÉREZ (2024)

Envolvido numa série de polêmicas recentes, Emília Pérez é um musical de comédia criminal roteirizado e dirigido pelo francês Jacques Audiard. Sua trama narra a história de um líder fugitivo do cartel do narcotráfico mexicano, Juan Del Monte, que com a ajuda da advogada Rita (Zoe Saldaña) realiza uma cirurgia de redesignação de gênero, assumindo, então, o nome de Emilia Pérez (Karla Sofía Gascón). Rita, então, a ajuda em todo esse processo, garantindo que Emília possa finalmente viver seu mais autêntico e verdadeiro eu fora do radar do cartel e demais inimigos. O elenco conta ainda com Selena Gomez, que interpreta a esposa da protagonista, Jessi del Monte, formando assim o trio de personagens femininas centrais.

Assisti recentemente ao filme, e apesar da história inusitada (e fictícia), é totalmente incompreensível que Emília Pérez tenha sido indicado a 13 estatuetas do Oscar, principalmente se considerarmos alguns outros filmaços que entraram neste rol de 11 ou mais indicações, como O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003) e Titanic (1997) e Ben-Hur (1959). Ainda que tenha, sim, suas qualidades, como a justa indicação de Zoe Saldaña como melhor Atriz Coadjuvante, a empolgação da crítica especializada em torno do filme só torna tudo ainda mais constrangedor.

A começar pela escolha de contar a história através de um musical, com números musicais que saíram direto de um sonho febril, muito enfadonhos e nada orgânicos. A narrativa da produção parece um musical de um parque temático cheio de clichês, com uma visão bem distorcida do México, cheio de cores marcantes e vibrantes, e com uma visão exótica da identidade trans, tratando somente as mudanças físicas sem uma abordagem psicológica mais profunda da personagem. Em suma, trata-se de uma visão de europeus sobre latino-americanos, como as que estamos já acostumados em obras estrangeiras que retratam o Brasil. O diretor francês mostrou-se mais preocupado em encantar plateias de festivais do que realmente compreender a complexidade do que retratou em sua obra.

Quanto às interpretações, a única que se salva realmente é a de Zoe Sandaña, não por acaso indicada ao Oscar como Melhor Atriz Coadjuvante, e a pior é a de Selena Gomez, com um sotaque e atuação constrangedores, dignos de esquetes de “Casseta & Planeta”. A miscelânea de sotaques deve ser até bizarra para os mexicanos que assistiram a obra, e não por acaso o filme também tem sido muito criticado por eles.

Para piorar, Karla Sofía Gascón se envolveu em muitas polêmicas recentes ao tecer críticas à equipe do filme Ainda estou Aqui, grande concorrente nas categorias de Melhor Filme Internacional e de Melhor Atriz, que de acordo com ela estaria atacando indiscriminadamente seu filme. Além disso, vieram à tona alguns de seus tweets (X) antigos e problemáticos. As polêmicas foram tão fortes que a Netflix, produtora do filme, decidiu focar a divulgação do filme na atriz Zoe Saldaña.

Para o Oscar 2025, como dito acima, Emília Pérez foi indicado a 13 premiações: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original, Melhor Som, Melhor Edição, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Filme Internacional.

Já disponível no catálogo da Netflix desde 06 de fevereiro em alguns países (sendo possível assistir somente via VPN), no Brasil ele ainda não tem previsão de estreia. Emília Perez tem nota 5.5 no IMDB e 72% de aprovação dos críticos (com surreais 16% de aprovação do público!) no Rotten Tomatoes.

Premiações conquistadas até o momento:

  • Festival de Cannes – Prêmio do Júri (Jacques Audiard), Melhor Atriz (Adriana Paz, Zoe Saldaña, Karla Sofía Gascón e Selena Gomez) e Prêmio Trilha Sonora (Clément Duicol & Caimille)
  • Globo de Ouro – Melhor Filme – Comédia ou Musical, Melhor Filme em Língua Estrangeira, Melhor Atriz Coadjuvante – Cinema (Zoe Saldaña), Melhor Canção Original (“El Mal”)
  • Festival Internacional de Cinema de Toronto – People’s Choice Award, Midnight Madness
  • Critics´ Choice Awards – Melhor Atriz Coadjuvante (Zoe Saldaña), Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Canção (“El Mal”)
  • BAFTA Awards – Melhor Atriz Coadjuvante (Zoe Saldaña), Melhor Filme não em Língua Inglesa

O REFORMATÓRIO NICKEL (Nickel Boys, 2024)

Baseado no romance homônimo de Colson Whitehead, ganhador do Prêmio Pulitzer, O Reformatório Nickel acompanha Elwood (Ethan Herisse) e Turner (Brandon Wilson), dois adolescentes afro-americanos que estão sob custódia de um reformatório juvenil na Flórida. Gravado em primeira pessoa, o filme narra a forte e transformadora amizade dos jovens, nos Estados Unidos dos anos 1960, que foi marcado pela luta dos Direitos Civis.

Com uma direção criativa e contundente de RaMell Ross, este drama histórico forte e embasado em fatos consegue explorar as experiências angustiantes de dois jovens afro-americanos no reformatório na Flórida dos anos 1960 (a Nickel Academy do título, escola fictícia baseada na real e infame Dozier School for Boys), notório por seus abusos sistêmicos e pela corrupção.

Criada com o intuito de “endireitar” jovens rebeldes ou que cometiam pequenos delitos nos anos 1960, a infame escola Dozier School for Boys (base real da Nickel Academy fictícia do filme) era também segregada racialmente: tinha uma ala para jovens negros, pardos e imigrantes, e outra para os brancos. Os alunos negros, pardos e imigrantes sofriam punições infinitamente mais severas, e a escola contava com um cemitério clandestino onde as suas milhares de vítimas de abusos eram secretamente enterradas. Todos os horrores da escola vieram à tona após seu fechamento.

Para o Oscar 2025, o filme foi indicado a 2 premiações: Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

O longa estreou no dia 27 de fevereiro no catálogo do Prime Video, e tem nota 7.1 no IMDB e 90% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes.

Premiação conquistada até o momento:

  • Writers Guild of America Awards 2025 – Roteiro Adaptado)

O BRUTALISTA (The Brutalist, 2024)

Neste drama histórico épico, dirigido por Brady Corbet e roteirizado por ele e por Mona Fastvold, é narrada a história de László Tóth (Adrien Brody), arquiteto húngaro que chega ao Estados Unidos na década de 1940 para fugir dos horrores do holocausto. No novo lar, ele luta para sobreviver quando seu caminho cruza o de Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), um bem-sucedido empresário que recruta Tóth para construir algo tão monumental quanto as obras no estilo brutalista que o tornaram famoso na Hungria antes da Segunda Guerra Mundial.

No decorrer das 3 horas e 35 minutos de filme, que são divididas no cinema por um intervalo de 15 minutos, como no restante do mundo, testemunhamos o mundo por um ângulo invertido, pelas lentes de um artista exemplar e altamente destrutivo. As atuações dos atores Adrien Brody e também de Guy Pearce, como o empresário magnata, são mesmo sublimes.

Estruturado quase como uma cinebiografia, a verdade é que o filme é completamente fictício. É verdade que arquitetos judeus como Tóth foram vítimas do holocausto e alguns deles podem até terem ido aos EUA depois da Segunda Guerra Mundial, mas este László foi totalmente inventado pelo diretor Brady Corbet e a roteirista Mona Fastvold.

O que não quer dizer, claro, que o filme não seja inspirado em figuras reais. A designer de produção do filme, Judy Becker, citou o influente arquiteto Marcel Breuer como principal referência para o estilo da arte de László. Breuer é o responsável pelo museu de arte moderna Met Breuer em Nova York. Em termos da história, porém, talvez a melhor comparação seja com Ernő Goldfinger. Também húngaro e judeu, ele fugiu dos nazistas durante a guerra, mas ao invés de partir para os EUA, Goldfinger continuou seu trabalho no Reino Unido. Há, no entanto, um László Tóth que ficou conhecido mundialmente. Ele era húngaro, mas não era arquiteto e nem passou pelo que o László do filme passa. Este László Toth era um geólogo que, 21 de maio de 1972, entrou para a história ao vandalizar a Pietà de Michelangelo, na Itália, com um martelo. Ele não foi preso, mas passou dois anos hospitalizado porque sofria de distúrbios mentais. Tóth acreditava que era o Cristo, e tentou até convencer o Papa disso através de cartas.

Com uma belíssima fotografia e uma estrondosa atuação de Adrien Brody (minha aposta como Melhor Ator deste ano), o filme também tem uma polêmica à parte, relacionada ao uso de IA para as falas em húngaro do protagonista com sua esposa Erzsébet Toth, interpretada pela atriz Felicity Jones.

Para o Oscar 2025, ele foi indicado a 10 premiações: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Direção, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Montagem e Melhor Trilha Sonora Original.

Disponível somente nos cinemas desde 20 de fevereiro deste ano, O Brutalista tem nota 7.7 no IMDB e 93% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes.

Premiações conquistadas até o momento:

  • Globo de Ouro – Melhor Filme Dramático, Melhor Diretor (Brady Corbet), Melhor Ator em Filme Dramático (Adrien Brody)
  • London Film Critics’ Circle – Filme do Ano
  • BAFTA – Melhor Diretor (Brady Corbet), Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Cinematografia (Lol Crawley), Melhor Trilha Sonora (Daniel Blumberg)

UM COMPLETO DESCONHECIDO (A Complete Unknown, 2024)

Dirigido por James Mangold e roteirizado por Mangold e por Jay Cocks, Um Completo Desconhecido é um filme norte-americano de drama biográfico baseado no livro Dylan Goes Electric! (2015), de Elijah Wald. Estrelado por Timothée Chalamet como o então jovem Bob Dylan, o longa-metragem acompanha o início da carreira do cantor e compositor, conhecido pelas letras profundas e por definir uma nova geração do folk. A história segue até o ano de 1965, quando, em um concerto que entrou para a história, ele troca seu famoso violão por uma guitarra elétrica e choca muitos fãs.

A escolha do diretor por Timothée Chalamet como Bob Dylan não foi aleatória. além de ser capaz de, sozinho, atrair para as salas de cinema um enorme público que não conhecia o cantor, de pré-adolescentes e colegiais a hipsters, ele é um aplicadíssimo ator. Não apenas aprendeu a mimetizar olhares, gestos e sutilezas do cantor, mas também conseguiu entrar no espírito de 38 canções de Bob Dylan, algo que muitos artistas cover jamais conseguiram fazer.

Duas outras interpretações impulsionam a força dramatúrgica da produção: Edward Norton, também indicado ao Oscar pela sua atuação, está fabuloso como Pete Seeger, e Scoot McNairy brilha muito como Woody Guthrie. Este último, inclusive, não teve à disposição nenhuma fala, apenas murmúrios e um toque de mão, e ainda assim marcou indelevelmente o filme.

Para o Oscar 2025, o filme foi indicado a 8 premiações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Som e Melhor Figurino.

Tendo estreado no dia 27 de fevereiro nos cinemas brasileiros, o longa tem nota 7.6 no IMDB e 81% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes.

Premiação conquistada até o momento:

  • SAG Awards – Melhor Ator Principal em Cinema (Timothée Chalamet)

WICKED (2024)

Com direção de Jon M. Chu e roteiro de Winnie Holzman e de Dana Fox, Wicked é um longa-metragem musical norte-americano de fantasia e de comédia dramática que conta uma história prequela à do clássico O Mágico de Oz (1939). Em sua trama, na Terra de Oz, uma jovem chamada Elphaba Thropp (Cynthia Erivo), a futura Bruxa Má do Oeste, forma uma improvável amizade com uma estudante popular chamada Galinda Upland (Ariana Grande), a futura Bruxa Boa do Sul. Após um encontro com o Mágico de Oz (Jeff Goldblum), o relacionamento delas logo chega a uma encruzilhada.

O filme é a primeira parte de uma adaptação cinematográfica em duas partes do musical homônimo desenvolvido por Stephen Schwartz e Holzman, que por sua vez foi baseado no romance Maligna A História Não Contada Das Bruxas De Oz (Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West, 1995), de Gregory Maguire. Entretanto, mesmo quem não conhece o musical (meu caso) consegue não somente entender toda a trama como se encantar com a história.

Com músicas realmente interessantes e muito bem inseridas no contexto da história (bem diferente de Emilia Pérez, por sinal), as ótimas atuações de Cynthia Erivo e Ariana Grande são a alma do filme: parecem ter nascido para estes papeis. Os cenários são deslumbrantes e os efeitos visuais fazem com que os animais e a própria Terra de Oz fiquem mais mágicos do que nunca, ainda que, em alguns momentos, sintamos que o CGI deu uma forçada na barra. Porém, nada que nos retire do espetáculo visual contado em tela, ainda mais por assistirmos a um filme onde a protagonista é literalmente uma garota verde, com um professor Bode, o Dr. Dillamond (Peter Dinklage), dentre os ótimos coadjuvantes.

Para o Oscar 2025, Wicked foi indicado a 10 premiações: Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Design de Produção, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais.

Tendo estreado em 21 de novembro de 2024 nos cinemas, Wicked já se encontra disponível para aluguel no Prime Video e na Apple TV+. Possui, atualmente, nota 7.6 no IMDB, tendo conquistado 88% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes.

Premiações conquistadas até o momento:

  • Globo de Ouro – Melhor realização cinematográfica e bilheteria
  • Critics’ Choice Awards – Melhor Diretor (Jon M. Chu), Melhor Figurino (Paul Tazewell), Melhor Direção de Arte (Nathan Crowley e Lee Sandales)
  • BAFTA – Melhor Figurino (Paul Tazewell), Melhor Design de Produção (Nathan Crowley e Lee Sandales)

Minhas apostas

Dentre os filmes que assisti, Duna: Parte 2 continua como meu favorito para a categoria principal da noite de 02 de março, mas ele realmente não tem chance alguma. Tanto O Brutalista, quanto O Reformatório Nickel e Conclave possuem “perfis mais Oscarizáveis”. Entretanto, dada as últimas cerimônias, não duvido que um filme de gênero, como A Substância, surpreenda a todos com um Oscar na categoria principal, algo que só ocorreu em 1992, com a estatueta angariada pelo excelente O Silêncio dos Inocentes (1991), filmaço de suspense, drama e terror estrelado por Anthony Hopkins e Jodie Foster. Outro com grande potencial e que vem crescendo muito em notoriedade nas últimas semanas é Anora, uma boa aposta para um filme realmente notável, e que também é uma de minhas apostas principais para esta cerimônia. Dito isso, seguem abaixo minhas escolhas para este ano:

  • Melhor Filme: O Brutalista ou Anora
  • Melhor Direção: Sean Baker (Anora)
  • Melhor Roteiro Original: Anora
  • Melhor Roteiro Adaptado: Conclave
  • Melhor Ator: Adrien Brody (O Brutalista)
  • Melhor Atriz: Demi Moore (A Substância)
  • Melhor Ator Coadjuvante: Kieran Culkin (A Verdadeira Dor)
  • Melhor Atriz Coadjuvante: Zoe Saldaña (Emilia Pérez)
  • Melhor Filme Internacional: Ainda Estou Aqui
  • Melhor Animação: Robô Selvagem
  • Melhor Canção Original: “El Mal” (Emilia Pérez)
  • Melhor Cinematografia (Fotografia): O Brutalista
  • Melhor Direção de Arte: Wicked
  • Melhor Edição: Conclave
  • Melhor Efeitos Visuais: Duna: Parte 2
  • Melhor Figurino: Wicked
  • Melhor Maquiagem e Penteados: A Substância
  • Melhor Som: Duna: Parte 2
  • Melhor Trilha Sonora: O Brutalista

 

E você? Já assistiu a todos os filmes? Quais são as suas apostas? Comente logo abaixo e compartilhe a matéria com seus amigos.

Compartilhe: