
Neste sábado, 31 de maio, o mundo volta os olhos para um problema que, embora conhecido, ainda afeta milhões de pessoas e ceifa milhares de vidas: o tabagismo. O Dia Mundial Sem Tabaco, data marcada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um chamado à conscientização sobre os efeitos devastadores do cigarro na saúde e na qualidade de vida das pessoas, além de ser uma oportunidade de mostrar que, com ajuda, é possível vencer o vício.
Atualmente, o Brasil conta com cerca de 14 milhões de fumantes adultos, o que representa 9,1% da população, segundo a pesquisa Vigitel 2023. Apesar da redução nas últimas décadas, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tabagismo ainda é responsável por mais de 160 mil mortes por ano no país, mais de 400 por dia e cerca de 13% do total de óbitos. Associado a mais de 50 doenças, como o câncer de pulmão, as doenças cardiovasculares e AVCs, o cigarro gera um alto custo também para a saúde pública.
De acordo com o pneumologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dr. Marcos de Abreu, os danos do cigarro ao organismo são profundos e abrangem muito mais do que o sistema respiratório. “Os cigarros causam danos desde as vias aéreas superiores até os alvéolos pulmonares. Mesmo as pessoas que fumam pouco podem desenvolver problemas respiratórios graves, como bronquites crônicas e inflamações. Quanto maior o consumo, maior a destruição dos alvéolos, o que compromete seriamente a função pulmonar”, explica o médico.
Mas os perigos não param por aí. O tabagismo está fortemente ligado a doenças cardiovasculares e neoplasias. “Existe uma relação direta com o aumento do risco de infarto, AVC, doenças arteriais periféricas e vários tipos de câncer, como o de pulmão, boca, laringe e bexiga. O cigarro é um inimigo silencioso de quase todos os sistemas do corpo humano”, alerta o Dr. Marcos.
A boa notícia é que parar de fumar traz benefícios perceptíveis em pouco tempo.
“A melhora acontece logo nos primeiros dias: o gosto da comida volta, a inflamação nas vias aéreas reduz, a produção de secreção diminui. E com o tempo, a qualidade de vida melhora significativamente. A pessoa respira melhor, tem mais disposição, melhora a convivência social e familiar. Além disso, deixa de dar um mau exemplo para os filhos”, reforça o pneumologista.
Projeto Inspirar: apoio para quem deseja abandonar o cigarro
Para aqueles que desejam abandonar o vício, a Usisaúde oferece o Projeto Inspirar, uma iniciativa voltada para ajudar os beneficiários fumantes a superarem o tabagismo com acompanhamento médico e psicológico. A proposta é criar uma rede de apoio, com profissionais capacitados e estratégias eficazes para tornar o processo mais leve e possível.
Foi com a ajuda desse projeto que Wander Luiz Martins, de 73 anos, morador de Coronel Fabriciano, conseguiu se libertar de um hábito que o acompanhava há 58 anos. Há pouco mais de cinco meses, ele deu o passo decisivo para mudar sua vida. “Eu parei de fumar porque já estava sentindo os efeitos malignos do tabaco. O cigarro me fez perder todos os meus dentes. Com isso, perdi também minha autoestima, além do desejo sexual e trouxe uma infinidade de coisas ruins. Foi quando percebi que precisava mudar”, conta.
Wander participou de encontros, recebeu acompanhamento individualizado e passou por um processo de mudança de hábitos. “Estou há 180 dias sem fumar. A vontade ainda existe, não passou completamente, mas, já percebo que estou dormindo melhor, me alimentando melhor e cuidando mais de mim”, comemora.
A história de Wander é a prova de que parar de fumar não é impossível, principalmente quando se tem apoio. “Sou muito grato pelo apoio da minha família e pelo acolhimento do Projeto Inspirar, por meio do doutor Felipe Renault. Eles foram fundamentais na minha mudança de vida”, destaca Wander.
Dr. Marcos de Abreu reforça que nunca é tarde para começar. “Todo dia é um bom dia para parar de fumar. Se você tem dificuldade, procure profissionais, marque uma data e inicie o processo. Trocar um mau hábito por um bom, como a prática de esportes, por exemplo, pode ser o começo de uma nova fase, com mais saúde e bem-estar”, pontua o médico.