Nestas últimas décadas, Hollywood tem investido muito em remakes de filmes clássicos, trazendo novas versões de histórias já conhecidas pelo público. Enquanto alguns desses remakes são bem recebidos e até superam os originais como It: a Coisa (2017) e as novas versões de Duna (2022 e 2024), outros enfrentam críticas severas por falta de inovação ou por não capturar a essência dos originais.
Infelizmente, a maioria destes remakes acabam não funcionando muito bem, seja pelo contexto de época ou pela qualidade inferior dos novos roteiros. Filmes como Psicose (1998), um remake quase quadro a quadro do clássico de 1960 de Alfred Hitchcock, Robocop (2014), uma nova visão do diretor brasileiro José Padilha para o clássico de 1987 e Ben-Hur (2016), uma tentativa de capturar a grandiosidade do épico de 1959, foram duramente criticados e tiveram desempenhos sofríveis nas bilheteiras. E isso sem contar as adaptações em formato live-action como Branca de Neve (2025) e outras.
O fato é que remakes são um fenômeno cíclico em Hollywood e têm se tornado cada vez mais um pilar da indústria, especialmente com o crescimento das plataformas de streaming. Dito isso, relaciono abaixo 5 remakes que estão em andamento e que você talvez nem soubesse que existiam, mas que valem a pena focar de olho.
O PRÍNCIPE DAS MULHERES (Boomerang, 1992)
📍 Status: Desenvolvimento inicial | Plataforma: Paramount+
🧩 Detalhes:
- Produtora executiva: Tracee Ellis Ross
- Roteiristas: Kenya Barris (Black-ish) e Issa Rae (Insecure) em negociação
- Tema central: Relações de poder entre gêneros no ambiente corporativo pós-pandemia
Esse remake será protagonizado por uma mulher negra em posição de liderança, invertendo a perspectiva do original. A proposta é usar humor sofisticado para discutir temas como assédio, empoderamento e diversidade no mercado de trabalho contemporâneo. Na minha opinião, dificilmente será bem-sucedido visto o fracasso retumbante de uma ideia similar de remake ocorrida com o filme Do que as Mulheres Gostam (2000), protagonizado por Mel Gibson e Helen Hunt. Sua versão com inversão de gêneros, O que os Homens Querem (2019), protagonizado por Taraji P. Henson, ficou terrível. Ainda assim, cabe aguardar para assistir, podendo surpreender se a premissa for assertivamente adaptada, ainda que sem a genialidade de Eddie Murphy no seu auge.
O FEITIÇO DE ÁQUILA (Ladyhawke, 1985)
O Feitiço de Áquila (1985) – Divulgação: Warner Bros. Pictures
📍 Status: Pré-produção | Plataforma: HBO Max
🧩 Detalhes:
- Direção: Jennifer Kent (O Babadook)
- Roteiro: Phoebe Waller-Bridge (Fleabag) está envolvida como consultora de diálogos
- Elenco cotado: Florence Pugh e Paul Mescal
- Estilo: Fantasia sombria com estética medieval realista, explorando temas como maldição, liberdade e identidade
O remake do clássico filme será em formato de minissérie de 6 episódios, com produção da Legendary Television. A nova versão deve abandonar o tom leve do original e mergulhar em uma atmosfera mais densa e melancólica, mantendo a essência do triângulo amoroso amaldiçoado, mas explorando camadas psicológicas mais profundas. Gostei da nova premissa e promete entregar um longa mais soturno e dramático.
O FUGITIVO (The Fugitive, 1993)
📍 Status: Em filmagens | Estúdio: Warner Bros.
🧩 Detalhes:
- Direção: David Leitch (Trem-bala, Atômica)
- Elenco: Jake Gyllenhaal como Dr. Kimble e Brian Tyree Henry como o novo detetive Gerard
- Estilo: Ação e suspense com estética realista e ritmo acelerado, misturando investigação e drama pessoal
Filmado em locações urbanas de Chicago, Detroit e Montreal, o remake aposta em um clima mais claustrofóbico e paranoico, refletindo os tempos atuais de vigilância digital e fake news. O novo roteiro explora como a opinião pública pode interferir em casos judiciais antes mesmo do julgamento. O filme original já era remake de uma série de muito sucesso, e Harrison Ford a tornou inesquecível.
A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (Night of the Living Dead, 1968)
Cartaz original de A Noite dos Mortos Vivos – Fonte: IMDB.com
📍 Status: Pós-produção | Plataforma: Shudder (streaming especializado em terror)
🧩 Detalhes:
- Direção: Jason Axinn (Até a sua última morte, 2019)
- Vozes confirmadas: Josh Gad, Dulé Hill e Jamie Chung
- Estilo: Animação adulta, com estética inspirada em HQs de terror dos anos 1970
Mais do que um remake, esse projeto quer reintroduzir a crítica social do original de George A. Romero para uma nova geração. A adaptação traz comentários atualizados sobre racismo, medo coletivo e desinformação em tempos de crise, e tem tudo para fazer sucesso numa era de grandes animações.
O VINGADOR DO FUTURO (Total Recall, 1990)
📍 Status: Em fase de roteiro | Estúdio: Amazon MGM Studios
🧩 Detalhes:
- Inspirado diretamente no conto original de Philip K. Dick: We Can Remember It For You Wholesale
- Conceito: Menos ação, mais ficção cerebral ao estilo A Origem e Blade Runner 2049
- Equipe envolvida: Um dos criadores de Westworld está vinculado como produtor executivo
Essa nova adaptação promete fugir da extravagância visual do remake de 2012 (muito ruim!) e explorar a ambiguidade da memória e da identidade. O projeto ainda está em fase inicial, mas já desperta interesse por sua proposta mais filosófica e minimalista. Que seja próximo do nível de qualidade do clássico de 1990, protagonizado por Arnold Schwarzenegger!
EXPECTATIVAS PARA 2025 E ALÉM
Além do apelo nostálgico, remakes hoje servem para reapresentar histórias antigas sob lentes modernas, gerando conversas sociais e alcançando públicos que talvez nunca tenham visto os originais. O problema é que alguns clássicos são muito complexos para serem revisitados, principalmente quando representam um contexto bem específico da época em que foram produzidos.
Ainda assim, repensar clássicos é também uma forma de reinterpretar o passado à luz do presente, o que pode gerar boas ideias mas também destruir grandes histórias. Vale sempre lembrar que muitos dos filmes que amamos são na verdade remakes, como o impressionante Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), de John Carpenter, que é o remake do razoável O Monstro do Ártico (The Thing from Another World, 1951), de Christian Nyby.
Os próximos anos prometem um monte de novas versões, muitas com certeza desnecessárias, mas algumas com enorme potencial criativo. Só nos resta torcer para que criem novos clássicos sem perder a essência dos originais.
