
Quem nunca já se viu perdido num dos catálogos enormes de filmes e séries dos streamings, perdendo minutos infindáveis enquanto tenta garimpar alguma coisa interessante para assistir?
Como apaixonado por obras audiovisuais, sempre acompanho os lançamentos de filmes e de séries, mas ainda assim já me vi imerso por muito tempo na busca por alguma coisa diferente para apreciar.
Não me prendo tanto às avaliações de agregadores de notas como IMDB, Metacritic e Rotten Tomatoes, ainda que sejam, sim, boas referências para apostar em obras de qualidade mais reconhecida. Já me surpreendi, no entanto, com algumas obras que não possuem notas tão relevantes mas que conseguiram me encantar, como As Branquelas e Abracadabra (sim, são mais alguns de meus Guilty Pleasures).
Para facilitar a sua vida, trouxe na matéria de hoje 3 excelentes séries recém-lançadas (nesta mesma semana) e que me surpreenderam bastante. Destas, somente uma teve sua 1ª temporada lançada na totalidade, enquanto as demais ainda tiveram poucos episódios lançados.
Vale lembrar que a “excelência” destacada no parágrafo acima é relacionada ao meu gosto pessoal, mas não tenho dúvidas de que todas possuem um potencial enorme para agradar à maioria das pessoas que se arriscarem a assistí-las.
TERRA DA MÁFIA (MobLand)
Paramount+ / Amazon Prime Vídeo
Sinopse:
Ambientada em Londres, a série aborda a guerra entre duas famílias poderosas do crime – os Harrigan e os Stevenson. Conrad Harrigan (Pierce Brosnan) lidera o clã dos Harrigan, amparado por sua esposa Maeve (Helen Mirren), enquanto Harry Da Souza (Tom Hardy) atua como o “consertador” fiel, encarregado de límpidas operações clandestinas. À medida que a tensão entre as facções aumenta, alianças estremecem e a única certeza permanece: proteger a família acima de tudo.
Elenco:
Pierce Brosnan, Helen Mirren, Tom Hardy, Geoff Bell, Paddy Considine, Joanne Froggatt, Lara Pulver
Criação e Direção:
Criada por Ronan Bennett, a série tem a direção de Guy Ritchie (Magnatas do Crime, O Pacto) nos dois primeiros episódios, além de direção de Anthony Byrne, Daniel Syrkin e Lawrence Gough. Bennett e Jez Butterworth assinam o roteiro de todos os dez episódios desta 1ª temporada.
Por que vale a pena assistir?
A série inicia com força total, mesclando ação, drama e intrigas com o estilo cinematográfico bem característico de Guy Ritchie. O elenco de peso, encabeçado pelo incrível trio formado por Tom Hardy (Caos e Destruição, Taboo), Pierce Brosnan (007 – O Mundo não é o Bastante, The Son) e Hellen Mirren (1923, A Rainha), aliado ao visual estilizado e um roteiro enxuto e direto ao ponto, ainda que por vezes previsível, torna esta série um deleite para os fãs de séries de máfia, com famílias criminosas e desfuncionais, com muita ação, tensão, tramas palacianas, e cenas muito bem coreografadas de combate urbano envoltas numa trilha sonora marcante. Assisti aos 4 episódios lançados até a data desta matéria e não tenho dúvidas de que será renovada muito em breve.
Notas: 8,4 no IMDB e 77% de aprovação do público no Rotten Tomatoes
DEPARTAMENTO Q (Dept. Q)
Netflix
Sinopse:
Inspirada nos livros de Jussi Adler-Olsen, esta adaptação escocesa (a obra original se passa na Suécia) acompanha o ex-detetive Carl Morck, que assume casos arquivados no porão de uma delegacia em Edimburgo. Ao reunir uma equipe de policiais peculiares, ele desvenda enigmas que pareciam impossíveis de solucionar.
Elenco principal:
Matthew Goode, Chloe Pirrie, Alexej Manvelov, Leah Byrne, Kelly Macdonald, Kate Dickie
Criação e Direção:
A série é uma produção escocesa moderna, com roteiro de Scott Frank e Chandni Lakhani.
Por que vale a pena assistir?
É simplesmente a melhor série da Netflix lançada, até o momento, em 2025. Com destaque para a ambientação em Edimburgo, na Escócia, fria e melancólica, praticamente um dos personagens da história, a série nos apresenta ao ex-detetive Carl Morck, interpretado magistralmente pelo ótimo Matthew Goode (O Jogo da Imitação, Watchmen: o Filme), um policial brilhante, sarcástico, antissocial e “emocionalmente quebrado” após um incidente traumático (mostrado logo no início do primeiro episódio). A criação do dito Departamento Q, espécie de departamento para casos não solucionados que Morck lidera, nos leva a um mistério envolvente e meticulosamente contado sob vários pontos de vista, apresentando uma atmosfera investigativa refinada, comparada à também excelente série The Killing (2011-2014). Os coadjuvantes, todos fora do convencional, também brilham muito, em especial o ótimo Alexej Manvelov, que aqui interpreta o imigrante sírio Akram Salim, um ex-policial em seu país de origem, e que é o coração da equipe também formada pela ótima Rose Dickson de Leah Byrne. Para quem gosta de séries policiais com investigações detalhadas, com um roteiro muito bem amarrado, repleto de falas inteligentes e sarcásticas, e com reviravoltas muito bem elaboradas pelo autor Scott Frank, esta série é uma ótima pedida. Assisti aos 9 episódios de uma vez só, e sua renovação também é esperada para muito em breve.
Notas: 8,3 no IMDB e 94% de aprovação do público no Rotten Tomatoes
CHESPIRITO: SEM QUERER QUERENDO (Chespirito: Sin querer queriendo)
Max
Sinopse:
Trata-se da minissérie biográfica sobre Roberto Gómez Bolaños, criador e protagonista das clássicas séries Chaves e Chapolin Colorado. A trama revela bastidores de Bolaños, a sua vida pessoal e o impacto cultural de suas produções icônicas, misturando vida artística com conflitos familiares.
Elenco principal:
Pablo Cruz Guerrero, Ivan Arango, Dante Aguiar, Barbara López, Eugenio Bartilotti, Arturo Barba, Paulina Dávila, Miguel Islas, Andrea Noli, Paola Montes de Oca, Juan Lecanda, Edgar Vivar
Direção / Criação:
Criado por Roberto Gómez Fernández (filho de Bolaños) e dirigido por David “Leche” Ruíz.
Por que vale a pena assistir?
Se você é brasileiro e tem mais de 15 anos, é praticamente impossível não se sentir tentado a conhecer os bastidores do autor, criador e grande protagonista de Chaves e de Chapolin Colorado, alguns dos inúmeros personagens criados pelo grande Chespirito (um termo carinhoso para homenagear o Shakespeare mexicano). Com forte apelo emocional ao abordar a vida, as polêmicas e o bom-humor circense de Roberto Gomes Bolaños, os dois únicos episódios (de um total de 8) já disponibilizados pela Max até na data desta matéria, devidamente assistidos por este que vos escreve, trouxeram uma sensação de nostalgia incrível, com uma performance muito sensível de Pablo Cruz Gerrero como o Bolaños na fase adulta, transmitindo com assertividade o bom-humor e a melancolia do criador.
Nestes episódios, já se nota os resultados de algumas polêmicas nos bastidores da produção. Sem o aval de Florinda Meza, última esposa de Bolaños e a eterna Mãe do Quico, assim como de Carlos Villagrán, nosso inesquecível Quico, seus nomes na minissérie foram trocados, respectivamente, para Margarita Ruiz e Marcos Barragán. Ainda assim, suas caracterizações estão primorosas, e é impossível não identificar cada membro do grupo reunido logo nas primeiras cenas da obra.
Por outro lado, Maria Antonieta de Las Nieves, a Chiquinha, e Edgar Vivar, o Seu Barriga/Nhonho, não só autorizaram suas participações como também trabalharam com a caracterização dos intérpretes de seus personagens na minissérie, o que promete trazer ainda mais realismo às cenas inesquecíveis que tanto assistimos nestas 4 últimas décadas de SBT.
Mesmo com algumas liberdades artísticas, a história é muito bem contada e é impossível não se encantar com o passado curioso de um dos grandes mestres do humor.
Notas: 7,3 no IMDB e ainda sem notas no Rotten Tomatoes