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ALZHEIMER: NEUROLOGISTA EXPLICA A IMPORTÂNCIA DE ABORDAR A PREVENÇÃO

Por 23/09/2024No Comments4 min de leitura
Dr. Wesley Moreira Vieira medico neurologista da FSFX

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença de Alzheimer. No Brasil, estima-se que são cerca de 1,2 milhão de pessoas, um número que tende a crescer devido ao envelhecimento da população. Reconhecida como uma doença neurodegenerativa, o Alzheimer é uma das condições mais prevalentes dentro das síndromes demenciais, possuindo características únicas que a distinguem das demais demências, variando em apresentação clínica, taxa de progressão e manifestações comportamentais. O impacto no indivíduo e nas famílias é significativo, exigindo uma compreensão ampla e medidas preventivas adequadas, razão essa do dia 21 de setembro ser dedicado à conscientização da doença de Alzheimer.

O médico neurologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dr. Wesley Moreira Vieira, destaca a importância de abordar a prevenção do Alzheimer e de outras síndromes demenciais. “Não existe uma idade mínima para começar a prevenir. Estudos recentes identificaram vários fatores de risco para o desenvolvimento dessas doenças, como obesidade, o colesterol alto, o sedentarismo, o diabetes, a hipertensão arterial, o tabagismo, o alcoolismo, a lesão cerebral traumática repetitiva, a depressão, o isolamento social, além de baixa capacidade visual e auditiva, associada à baixa escolaridade. O manejo adequado desses fatores pode prevenir em até 45% os casos de demência, incluindo o Alzheimer”, detalha.

O estilo de vida tem um papel fundamental na prevenção do Alzheimer e outras demências. “A dieta mediterrânea, rica em alimentos frescos e integrais como frutas, vegetais, peixes, grãos integrais e carnes magras, é frequentemente recomendada. Ela pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, que são fatores de risco para o desenvolvimento de demência. Além disso, o sedentarismo tem uma ligação direta com o desenvolvimento de síndromes demenciais. A prática regular de exercícios físicos, ao menos três horas semanais, é altamente recomendada para manter o cérebro saudável”, explica.

De acordo com o neurologista, é importante que tanto pacientes quanto cuidadores e familiares estejam cientes dos primeiros sintomas e procurem assistência médica rapidamente, pois, o tratamento, quando iniciado no momento adequado, pode minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. “Sinais como dificuldades com o manuseio de medicamentos, preparo de refeições, controle financeiro e esquecimento de compromissos podem ser os primeiros indícios. Além disso, alterações comportamentais, como irritabilidade, ansiedade e apatia, também são comuns e devem ser vistas como parte da doença, e não como falhas de caráter”, exemplifica.

Enquanto a ciência segue na busca por um tratamento curativo para o Alzheimer, avanços significativos têm sido feitos. “Novos medicamentos, que já estão sendo comercializados em alguns países, prometem retardar a progressão da doença. Mesmo que não sejam os fármacos que usaremos no futuro, talvez eles tenham encontrado o caminho para o tratamento”, comenta Dr. Wesley.

De acordo com o neurologista, enquanto a cura definitiva não é descoberta, o foco deve ser o gerenciamento dos fatores de risco modificáveis, pois além da possibilidade de adiar o início dos sintomas, pode também melhorar a qualidade de vida do paciente.

Embora o Alzheimer seja uma doença que apaga memórias, com cuidados humanos adequados, podemos escrever novas histórias. “As medicações disponíveis atualmente conseguem minimizar os sintomas, proporcionando alívio para os pacientes e reduzindo o estresse dos cuidadores. Por isso, uma dica que passo aos familiares e cuidadores é que ‘produzam boas emoções’, pois o paciente com Alzheimer pode não se lembrar do que você falou, mas ele vai guardar a emoção vivenciada”, ressalta o Dr. Wesley.

Dessa forma, o médico reforça que tanto o tratamento medicamentoso quanto o carinho e apoio familiar são essenciais para que os pacientes vivam com mais dignidade e qualidade de vida. “O Alzheimer pode apagar memórias, mas com cuidado, prevenção e um toque de afeto, é possível viver de forma mais plena, mesmo diante dos desafios”, pontua o neurologista.

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